quinta-feira, 31 de maio de 2007

“Turma D: Uma peripécia do 10º ao 12º ano”

“Hoje um colega caiu na aula, depois de se balançar na cadeira”, foi um comentário que despoletou uma série de gargalhadas na mesa… e eu lembrei-me imediatamente dos meus fantásticos anos do 10º ao 12º ano. Mesmo assim, não me veio á ideia comentar isto no Blog. Porém, num momento de tédio, no meio do estudo da arte bizantina, foi ao Blog da minha amiga Karvela, onde ela conta uma história nossa….
Foi ai, que um turbilhão de memórias me assaltou de novo, e comecei a ligar as coisas… tinha de dedicar um “post” ao meu glorioso 12ºD…
“As peripécias do D – Uma turma do 10 ao 12º ano”
Do 10º ano ao 12º fomos formando um grupo de amigos, com os vivemos tantas e tantas histórias, que agora á distancia de 10 anos nos fazem rir vigorosamente quando as recordamos.
A Sandra uma vez baloiçava-se animadamente, nas pernas traseiras da sua cadeira, quando de repente… catrapuz… a professora aflita interrogava-se sobre o que se tinha passado, nós riamos desalmadamente e ainda mais, quando a Sandra desabafa serenamente: “oh…cai!”
A Clara conta no Blog, o episódio da minha infeliz ideia de um dia dizer: “ a primeira pessoa que passar por aqui é transsexual”, a sorte calhou á Zézinha, que á conta do seu mau feitio não granjeava grandes simpatias… O passo seguinte foi espalhar pela escola inteira o boato. Á conta disto a Clara ainda teve chatices, e nós rimos a bom rir, com a brincadeira… A Clara é que passou pela ideóloga do boato e a Zézinha tirando satisfações com ela diz-lhe: "andas a dizer que tenho dois sexos… pois tenho, é o meu o do meu namorado!", ao que a Clara responde desconcertada "Mas isso não é ser transsexual...!”… eu não assisti á cena, mas depois contaram-me. Desculpa Zezinha, éramos uns teenagers inconscientes…
Mas ó Zezinha, convenhamos que a do Camus… Andávamos nós nos passos da Filosofia, quando ouvimos falar desse filosofo francês Camus (Albert), ao que comentou uma colega: “ó pressora, Camus é o Camões em Francês não é?”… foi até doer a barriga.
Havia dias, em que nos metíamos com os transeuntes. Numa dessas ocasiões decidimos pergunta as horas a toda a gente que passava, até que perguntando a um miúdo recebemos a resposta “não sei… o meu relógio é de brincar”. Depois de uma gargalhada geral, sempre que nos perguntavam as horas dizíamos: ”não sei, é de brincar”… só nós!
No 10º ano, tivemos uma professora de português detestável a que apelidamos de “diabo vermelho”, devido á sua ominipresente gabardine vermelha. Nesse ano o avo (se bem me lembro) da Sandra morreu e na aula de português, como é natural ela ainda chorava. Nesse dia levava eu uma t’shirt azul e estava sentado atrás dela. A bendita da professora resolveu meter-se com a rapariga: “Oh Sandra, mas porque é que está a chorar?”, ao que a Sandra tratou de explicar que estava triste, sem entrar em pormenores, e a professora insistia, ao que ela respondeu “é que eu sou muito transparente” e a professora contra-ataca “oh, pois és, até vejo um ponto azul atrás de si, será o Casimiro? Foi um riso surdo… mas a “piada infeliz” serviu para um ataque feroz á professora.
Um desses "ataques" veio pelas mãos de quem menos esperavamos, a Isabel, que era uma paz de alma. A dita professora mandou-nos fazer uns trabalhos de grupo que versavam sobre a gramática, a uns calhou os verbos, a outros os substantivos e por ai fora... Ora, a Isabel tinha ficado com os substantivos, mas no dia da apresentação a professora teimava que o trabalho dela eram os verbos. Num rarissimo ataque de fúria, a Isabel levanta-se e diz aos gritos: "eu já disse que o meu grupo é dos substantivos e a professora não me chama mentirosa". Conhecendo o feitio da Isabel a professora atónita e aflita pedia-lhe calma e nós passado os segundos de completa parelesia desatamos a rir. A Isabel virou a bandeira de luta contra o "diabo vermelho".
Alguns de nós tinham Latim e outros Alemão. No início do 12º ano, a professora Aurora resolveu testar os nossos conhecimentos de Latim. Nisto pergunta: “Clara, quantas declinações há no latim?”, depois de um momento de esforço de memória ela responde “várias”, e arranca uma profunda gargalhada de todos nós, que no que toca a rir, nunca nos fazíamos de rogados.
Uma das minhas histórias preferidas, é a da aula de português! Comentávamos nós a poesia do nosso grande Camões, ao que a professora inquiriu: “Olga, quais são os sentimentos do poeta neste poema? Fruto de uma profunda reflexão, a Olga responde num explendoroso alcochetano “os sentimentos do poeta neste poema, são de uma gande testeza”. Bem… só visto!
A professora Alice, de português, resolveu levar-nos a Lisboa, para percorrer os paços das personagens dos Maias. Infelizmente, depois de várias tentativas não entramos no ramalhete. Naqueles tempos, a ponte Vasco da Gama era uma miragem, pela que a volta se deu pela 25 de Abril. A Anabela, que vinha sentada no lado que dá para Belém, quando passamos por cima do ramalhete grita: “Olha o ramalhete” e nós todos saltamos dos nossos lugares e encavalitamo-nos todos naquele lado. Nisto o autocarro guina, o condutor o Sr. Francisco grita: “não se ponham todos num lado do autocarro, a direcção é hidráulica…” e nós zumba, todos para o outro lado… depois de uma repreensão continuamos a rir… ai Ramalhete.
Já nem conto as histórias dos feitiços, nem das nossas greves, a criação da Sinagoga Nacional do Império de Alá, o Ranheve 3 em 1, Trabalhos de Francês, etc…
Olhem… se me equivoquei em alguma história corrijam-me gente. Foi muito bom ter-vos como companheiros de turma. Agora é óptimo ter-vos como amigos, são quase todos uns pagãos de primeira, mas seres humanos excelentes! Obrigado por aqueles 3 anos magníficos.
Escola D. Manuel I de Alcochete. Foto Câmara Municipal de Alcochete: http://http://www.cm-alcochete.pt/motor/includes/ver_imagem.asp?imagem=/motor/imagens/destaques/conteudo_62.jpg&desc=Escola D. Manuel I

5 comentários:

Anónimo disse...

Realmente os tempos do secundário são de facto muito muito saudosos!
Uma altura da nossa vida em que as amizades começam a cimentar e a deixar de ser circunstaciais... começamos a deixar de procurar a identidade do grupo para procurarmos a nossa própria identidade, o nosso EU. Eu tive a sorte de nessa altura estar já num grupo de jovens, o que me deixou com algum mais à vontade e confiança para me afirmar como um EU muito vincado.
Ainda hoje tenho uma grande marca da minha turma do 12º: o meu nick.
Andava já eu embrulhada pelo gosto das línguas e das letras e das palavras e das origens das palavras e etc etc, quando descobri que havia forma de corresponder o alfabeto ocidental (latino) ao russo (cirílico). Ora, não fui de modos, portanto
I N E S
dá nada mais nada menos que
N H E C...
bem, toda a gente da turma me começou a tratar por nheca... ainda hoje nos vemos e ainda sou a Nheca... de tal forma que é o meu próprio nick para os meus emails... engraçado, ne? ;-)

Casih disse...

É sim senhora Nheca! Eu também tinha uma alcunha na turma pela qual eles me tratam ainda hoje Kascas. para eles lá serei eternamente o kascas... estas coisas ficam-nos na pele. Acho que são elas que 8também) nos constroem. Gostei imenso de saber essa do teu nick... já tinha indagado, pensava que era por outra razão.Lol.beijo

Undisclosed Recipient disse...

Só me lembrava de duas ou três das histórias! Tenho mesmo memória de galinha! Anos dourados, esses!

Anónimo disse...

Casi,
a verdade é que isto dos nomes não fica pelo nheca... tenho também um que tu vais saber qual a origem, LOL!
agnusiesi
que deu origem a um email que uso de vez em quando no hotmail, LOL!
Sim, estas coisas vão-nos construindo e é bom quando o fazem para o bem, já que há muitos casos em que o tempo de escolha contribuiu em muito para negativizar a vida dos novos adultos. É nestas fases que moldamos a personalidade em conformidade com o que vamos vivendo, com as circunstâncias, o ambiente,... lá diziam os empiristas que nós somos tábuas rasas, onde se vão escrevendo as experiências que nos vão moldando.
Com a idade (sim, estou quase nos 30) estou a ficar um pouco melancólica...

Anónimo disse...

Velhos tempos amigo!! E tão longe que estão!! E turma mais desvairada!! e as aulas de teatro, hã?! Aquela música dedicada à coitada da Zézinha: " Equando quero ver aquela mor meu, eu pego na Zézinha e lá vou eu...": Coitada andava sempre na boca do povo! :)

Ana Patrícia